Laxe (Bendoiro) – Outeiro (Vedra)
Penúltimo dia antes da grande “Chegada” a Santiago.Não tenho memória de noite passada com tanto frio… Dou por mim, de madrugada a tactear entre beliches em busca de algo quente para vestir. Alguém se “esqueceu” de ligar o aquecimento nocturno e o Albergue de Laxe que tanto me encantou à chegada pela sua simpatia e dimensão, rapidamente passou a ser um entrave, para um sono contínuo e necessário…
Alvorada!!! Bem cedinho como habitualmente, usamos as indispensáveis lanternas, pois para nossa surpresa também não tínhamos luz! … Mais uma aventura J
O cansaço de tantos dias no Caminho, apodera-se dos nosso rostos e a foto da praxe é tirada a correr, pois já se faz tarde. Temos pela frente o nosso maior desafio, o percurso Laxe - Outeiro, um dos maiores da nossa jornada, aproximadamente 32 km de extensão. A nossa condição física e humana começa a ser testada mas ninguém desiste. Bravos!!!. Desde rostos que contemplam o horizonte em busca de algo reconfortante, por entre fortes chuvas e ventos, e semblantes sisudos que tentam mascarar e minimizar as enumeras bolhas e dores musculares, acumuladas ao longo destes dias de caminhada, um a um metemo-nos a Caminho.
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Os cavaleiros que pernoitaram em Laxe dão o ar de sua graça por entre o dilúvio. Cobrem mais rápido o trilho do que nós, no entanto nem para eles é fácil. A força animal aliada à mestria e inteligência humana ditou que tal simbiose fosse ancestral, e provavelmente nos primórdios da Peregrinação a Santiago, fossem muito utilizados como meio de transporte. Cavalos e cavaleiros resvalam nas estradas de alcatrão todo o cuidado é pouco, um dia quem sabe não faça parte do caminho a cavalo. Deve ser uma experiência única! Talvez um dia…
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Por entre obras de uma nova auto-estrada e desvios, o nosso grupo separa-se inadvertidamente, alguns, seguem percursos diferentes, bendito GPS e telemóvel! Todos nos reencontramos finalmente no fim da Ponte do Ulla, na localidade com o mesmo nome.
Agora e segundo o GPS é sempre a subir, “falta pouco” diz-nos o nosso fotografo e Outeiro já se avista. Descanso, banho, cama refeição… tão enganada estava…
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Entre estrados de camas, mesas, cadeiras, “entulho”, enfeites festivos e ratos, cada um de nos fez um ninho improvisado. Atendo as enumeras fezes de ratos, achei por bem juntar dois bancos de igreja e dormir no “1ª andar”… outros colocam as suas colconhetes sobre os estrados. Alguns ainda tiveram duche de água quente, deixo-me ficar para ultimo… logo só me resta água fria! … Será pelo menos um alívio para os músculos fatigados J.
Portugueses e Galegos, jantamos todos num restaurante “perto”, a noite não está para grandes conversas…. Todos estamos exaustos, todos atingimos um “limite” qualquer. Compartilho com as minhas vizinhas espanholas, algumas dicas para curar bolhas nos pés e "Voltaren" gel para as costas doridas, por causa da mochila. Um dos momentos altos da noite foi a leitura do poema “ A caixa do Amor”, lida com simpatia e sotaque galego pelo Pai Avelino. Palavras que me trazem lembranças de tempos passados, palavras que reconfortam, dão esperança e animo para o futuro. Cada um recolhe-se em silêncio com melhor pode. A minha colchonete foi finalmente estreada, o medo de cair abaixo do banco era uma constante, mas o cansaço vence e finalmente adormeço.
Amanhã é o grande Dia…
Texto by Lai
Fotos by Sight
(Continua...)
Que experiência dura, mas certamente muito gratificante.
ResponderEliminarQue nunca vos falte ânimo para prosseguir...
Um beijo e bom fim de semana.
Olá amigo
ResponderEliminarJá tinha saudades de ler um destes belos relatos dessa grande aventura "A Caminho de Santiago".
Nunca entrei numa aventura destas mas, estou certa, as "bolhas" e as "dores musculares" devem ser compensadas e até quase ignoradas perante o companheirismo, as belas paisagens que a cada passo se vos deparam e também a promessa da alegria e satisfação que será transpor as portas de Santiago de Compostela.
A magnífica e empolgante narração de Lai e as fotos maravilhosas do artista Sight, fazem deste post um deleite para os sentidos e a imaginação.
Beijinhos para Lai e Sight
Olá Alma e Tétis.
ResponderEliminarAgradeço as vossas simpáticas palavras. Desafios com ou sem recompença... temos todos nós todos os dias!..
Fazer o Caminho é concerteza um desafio essencialmente "interior"!
Um abraço ;)
Olá amigo
ResponderEliminarPassei para ver se já havia "notícias" da chegada a Santiago!...
Estou ansiosa para ler e ver a reportagem sobre o último dia.
Até lá fica com um grande abraço amigo.