sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Quem não Dava a Vida por um Amor?




Quem não Dava a Vida por um Amor?

O essencial é amar os outros. Pelo amor a uma só pessoa pode amar-se toda a humanidade.
Vive-se bem sem trabalhar, sem dormir, sem comer. Passa-se bem sem amigos, sem transportes, sem cafés. É horrível, mas uma pessoa vai andando.
Apresentam-se e arranjam-se sempre alternativas. É fácil.
Mas sem amor e sem amar, o homem deixa-se desproteger e a vida acaba por matar.

Philip Larkin era um poeta pessimista. Disse que a única coisa que ia sobreviver a nós era o amor. O amor. Vive-se sem paixão, sem correspondência, sem resposta. Passa-se sem uma amante, sem uma casa, sem uma cama. É verdade, sim senhores.  Sem um amor não vive ninguém. Pode ser um amor sem razão, sem morada, sem nome sequer. Mas tem de ser um amor. Não tem de ser lindo, impossível, inaugural. Apenas tem de ser verdadeiro.


O amor é um abandono porque abdicamos, de quem vamos atrás. Saímos com ele. Atiramo-nos. Retraímo-nos. Mas não há nada a fazer: deixamo-lo ir. Mais tarde ou mais cedo, passamos para lá do dia a dia, para longe de onde estávamos. Para consolar, mandar vir, tentar perceber, voltar atrás.
O amor é que fica quando o coração está cansado. Quando o pensamento está exausto e os sentidos se deixam adormecer, o amor acorda para se apanhar. O amor é uma coisa que vai contra nós. É uma armadilha. No meio do sono, acorda. No meio do trabalho, lembra-se de se espreguiçar. O amor é uma das nossas almas. É a nossa ligação aos outros. Não se pode exterminar. Quem não dava a vida por um amor? Quem não tem um amor inseguro e incerto, lindo de morrer: de quem queira, até ao fim da vida, cuidar e fugir, fugir e cuidar?

Miguel Esteves Cardoso, in 'Último Volume'

Sugestão musical u  António Pinho Vargas | "Dança dos Pássaros"






2 comentários:

  1. Belíssimas e soberbas fotos, Sight! Parabéns pelo seu olhar atento, às maravilhas da Natureza.

    A crónica do MEC, veio a propósito do dia e é o estilo adoptado por ele, de há uns tempos a esta parte, sempre que fala de amor!
    Antes de ler as noticias online, comprava o Público e não perdia um dos seus textos.
    Agora parei, para não enjoar!

    Um abraço.

    Janita

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  2. Olá Janita... sempre atenta.
    A Natureza é pródiga em beleza...estar atento facilita.
    Tenho que concordar consigo sobre as crónicas do MEC.
    Embora deva dizer que me esta me agrada. Romantismo? Talvez. Sonho? Concerteza.

    Abraço e obrigado pela visita e especialmente pelas palavras.

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